ESBOÇO


Mais não digo.
É por te amar, tão violenta,
que me calo.
O que percebes
é apenas o que a palavra inventa.
E a palavra, meu amor,
esse esboço mal arranjado
que te apresento,
é um risco, um fio
uma gota da tempestade
que me abrasa os seios,
à mera invenção de tua presença.

Meu silêncio arranha os dedos,
sangra a palavra e ainda assim,
nada pode, nada.

(
um dia, todas as palavras
do meu amor guardado,
vão se desatar
).
Saramar

Imagem: Matisse

15 comentários:

Anônimo disse...

Bárbaro, Saramar! Desses que a gente lê e veste. Muito lindo. Beijo.

Zé Carlos disse...

Te admiro demais Sara querida....
Teus escritos são encantadores e inspiradores...
Bjs e um lindo domingo....

Anônimo disse...

Lindo poema, vi na tua escrita marcas de uma poeta já na sua plenitude.

Um beijo
Naeno

Ricardo Rayol disse...

Uma represa que irá desaguar paixões e palavras....

douglas D. disse...

silêncio arranhando os dedos...
belo!!

Anônimo disse...

Meu Deus!
O que mais gostei!
Maravilhoso!

Moacy Cirne disse...

Um poema elegante - de uma elegância estilística rara, pra falar a verdade. Um "silêncio [que] arranha os dedos, sangra a palavra" vai além do poema para se transformar em Poesia. Um abraço.

teresamaremar disse...

Olá :)

voltei a postar mas devagar.

Lindo este teu poema!!!


beijo doce

Anônimo disse...

fiquei aqui uns dois minutos absorvendo o que acabei de ler.
não absorvi tudo, porque como vc mesma disse, a palavra é apenas "uma gota da tempestade". só que essas palavras aqui em copo d'água já fazem um estrago considerável.

Anônimo disse...

Um dia todas as palavras iram dançar juntas... Criando vida...

Belas palavras as suas... Sempre e sempre...

:*

Anônimo disse...

Suas palavras de amor ja estao desatadas..beijos

Mari disse...

Olá,amiga
Imagino quando as comportas se abrirem...não vai ficar pedra sobre pedra!!rs
bjs

Anônimo disse...

PAUTA

Eu queria fazer um poema
Assim, métrico,
Tenso, como um fio elétrico
Para que todas as manhãs
Os pássaros viessem pousar e cantar.
Eu queria fazer uma música
Na pauta tensa da rua,
Para todas as noites, a lua,
Tocar nela e rebrilhar.

Um beijo
Naeno

Moita disse...

"(um dia, todas as palavras
do meu amor guardado,
vão se desatar)".

Esse nó não parece tão Górdio assim.

Desatá-lo-emos. Pô!!, palavra horrorosa. rss

1 porrilhão de cheiros

Lisardo Lopes Gonzalez disse...

Até aqui:
Mais não digo.
É por te amar, tão violenta,
que me calo.
O que percebes
é apenas o que a palavra inventa.

- o poema é quase genial!

Aqui:
E a palavra, meu amor,

vc perde o poema, depois vc até consegue umas boas sacadas, mas tem agua transbordando do copo, talvez fosse necessário enxugar um pouco os seus poemas. Sei que parece Intromissão minha -talvez mesmo cada poeta é que saiba da sua obra -, mas se até T.S. Eliot, deixou que Pound cortasse uma boa parte da sua obra mais conhecida, acho que não custa nada pensar no que eu te falei - pelo menos foi sincero.

Se vc começar a concordar comigo poderia ler poetas mais áridos como o João Cabral de Mello Neto. Ou então já que seus poemas são bem líricos eu poderia te endicar alguns líricos mais modernos.
lisardolopes@hotmail.com

Vc escreve muito bem. Valeu