LEVE A DOR


À dor, não cabe prisão.
Antes, há que soltá-la, em uivos de cão
ou canto, em levas,
pra longe do coração.
Há que confrontá-la com a beleza das ruas,
com os olhos do moço que passa,
com a primavera rolando pela calçada
em perfumada conversa com as pedras.

À dor, abra as portas
e, com seu mais lindo batom e as pernas nuas,
leve-a em trottoir pelas ruas
sempre um passo além... da dor.
Assim, ao erguer o olhar,
por trás de tão linda boca,
ela não reconhecerá
a angústia que habitava,
a cordial morada, antes sua.

E irá se perdendo... a dor.
A dor irá se perdendo
nas ruas por onde for,
você e suas pernas nuas.

(para duas ou três poetas
que trancaram a dor,
entre elas, eu)

Saramar

15 comentários:

Bizarr! disse...

Saramar, você está cada vez melhor. Nunca tinha tratado a dor com essa visão poética. Lindo de viver!

Beijos.

Anônimo disse...

ola minha querida! eu tive uns dias sem net pq o meu modem avariou e por isso nao tive ainda tempo de visitar todos. é lindo o teu poema ,aliás como todos os outros :) amei. volta sempre k eu farei o mesmo
bjo
carla granja

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Saramar: bonito de ler...faz sentir com pronfundidade...vc sabe bem o que uma poeta sofre!
Obrigada pelo carinho especial.
Bjus mil diretamente do meu agradecido Cotidiano.

Anônimo disse...

Ô Saramar, pra que trancar a dor se a dor não é essência, mas apenas sintoma do que vai por dentro machucando a alma? Mas vai uma sugestão: se a dor é fonte de inspiração para poemas tão bem elaborados e expressivos, tranque-se a dor. Um beijo, poeta.

Deco disse...

Oi Sara! Que saudade daqui... Estou de volta! Apareça! Bjo

MamaNunes disse...

Taí Saramar, amanha levo minha dor à praia, ela não sabe nadar...
bjk
;)

Anônimo disse...

Disseram que para nao sentir dor, basta nao ter medo dela. Concordo plenamente. Agora, preciso aprender como vencer esse medo. O próprio medo já dói ... Beijo!

Naeno disse...

Lindo o teu poema. Como sempre, não me surpreendo mais ao abrir o teu blog. Já sei, vou ver peixes nadando em superfície raza, vou ver um lindo por-do-sol, vou ver uma aurora no seu começo, vou deliciar-me com o crepúsculo, quando o dia se despede garantindo-se a chegada de outro, num fechar de olhos.

Um beijo
Naeno

Jôka P. disse...

Saramar,
fico muito agradecido com as suas palavras de força, fico até assim... meio envaidecido, pode ?
Mas acho que eu não tô com essa bola e nem com essa peteca toda não ! :)
Em todo caso, muito obrigado por seu olhar assim tão generoso e sensível sobre mim e o meu blog.
Vindo de você, não poderia se esperar outra coisa.
Beijos e TUDO de BOM pra você, sua família, os amigos daqui e seus leitores !
Jôka
:)

Jôka P. disse...

Será que você conhece o meu "outro espaço" ?
É o Achados e Perdidos, onde, embora eu não atualize com tanta freqüencia, guardo todos os links favoritos e faço uns posts mais alternativos...é aqui:

http://avenidacopa.blogspot.com/

O enderêço é quase igual ao outro, mas o blog é diferente.
Também está no Meu Perfil.
Bj!

Jôka P. disse...

Não repara não, Saramar, mas lá tem "musiquinha", gifs pisca-pisca com glitter e tudo o que eu costumo criticar e chamar de cafona.
Réréré !!!

Fernando Pinto disse...

Como é bom ler as tuas palavras, o teu sentir!

Beijinhos

Anônimo disse...

vezenquando passo por aqui, leio teu poemas, acho-os invariavelmente muito bem escritos, e saio em silêncio. hoje, este aqui me fez quebrar a mudez. que poemaço, saramar. que poemaço! 1 bj

Lusófona disse...

Há de libertar a dor para não enlouquecer.

Que beleza!! Adorei!

Beijos Querida

Olga disse...

Este poema está magnífico! Muitos parabéns pela escrita tão bela.