PASSADO


Em uma gaveta qualquer,
encontrei palavras antigas.
Eram palavras ansiosas e foram
palavras esperadas, colhidas da paixão,
embaladas em sonhos de amor.
Hoje dormem o sono de todo amor.
Ao vê-las assim tão tranquilas,
Ao lê-las assim tão quietas,
a recordação das vertigens
que guardam em segredo e das
lavas que derramavam
quase nada desperta.
Quem sabe uma leve brisa a
revolver cinzas, talvez uma aragem
de melancolia de doces momentos
trancados em alguma veia deste
meu corpo esquecido.
Saramar

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