HOMEM


Ser caído
Desde sempre expulso de si mesmo,
Levado ao seu inferno para sempre,
Perdeu a luz.
Fez-se fera, fez-se monstro.
Arrasta-se solitário pela
Desolação dos seus erros,
Construindo ilusões da grandeza perdida
Sem poder retomar sua beleza cósmica.
Olha as estrelas e
Arrasta-se no chão de
Suas imperfeições.
Pedaços de sua divindade
De que foi se despindo
O assombram e excitam.
Inutilmente!
Não há redenção
Para quem alimenta o monstro
E fere e mata e desfaz.
Reflete em tudo, a sua queda.
Irremisso, busca o princípio
De si, destruindo-se.
Repele a fera em si,
Enquanto a alimenta
E se faz seu súdito.
Dilacera-se, dúbio ser
Pobre, triste e só.
Saramar

Imagem: Henry John Stock

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