O AMOR


um broto de água
sob a pedra,
olhos recém-abertos,
brota.
da pedra
é tanta a sede,
entretanto,
que mina,
mina d'água,
mina d'ouro
de sol,
de repente, lépida fonte
e seus verdes aninhados.
o mundo, os musgos,
as flores em seu mirar,
o leito,
o longo deitar-se
entre as margens do corpo.
o percurso,
a pausa na curva,
a água que escorre,
finalmente rio
passando, passando
minando...
gota d'água,
a pedra no peito,
lápide.
Saramar

Imagem: Chris Fordhan

14 comentários:

Moita disse...

Lindo, clarividente, porém Lúgubre.

Oito duzias de cheiros

Anônimo disse...

Minha querida Poeta,
Estive impedido de te visitar como devia, como desejo. Hoje, me sinto melhor e vou recuperar o tempo perdido, realimentar a emoção com sua poética.
Uma semana de luz, minha querida!

Tiago disse...

Cristalinos versos, lembrei-me do barulho das águas das cachoeiras da minha linda Chapada Diamantina. Lindo poema.

Beijos e bom semana.

Anônimo disse...

Saramar!
Belíssimo poema... qual rio o amor nasce e cresce ora em remanso, ora em corredeiras, e em alguma pedra se esvai.
Grata pelo carinho lá no BSB.
Beijos meus.

Anônimo disse...

Bela relação fizeste, Saramar. De uma delicadeza comovente. Adorei.
Beijo.

Claudinha ੴ disse...

Mina, pedra, água, veio. Imagens que me tocam, que me remetem ás minhas raízes. E como você sabe jogar estas palavras na lugar certo... Beijão menina!

Anônimo disse...

Emocionante, saramar, apesar de passar um q de tristeza. Bom, o tema vaza melancolia mesmo. Para mim você simplesmente falou de vazios e solidão e foi magistral ao faze-lo. Boa semana.

Nochestrellada disse...

gracias por la visita
y tan lindas palabras...


..."Lágrimas de diamantes..."

saludos

diovvani mendonça disse...

Fiz aqui, uma "pausa na curva" da realidade; para beber na sua fonte, que mina boa poesia. AbraçoDasMinas.

Conceição Bernardino disse...

Olá,
Desculpe a minha ausência, mas o que importa é, que estou de volta.
Continuarei a comentar, é esta a minha maneira de ser:
Oferendo este poema da “FLY” – do blog “Pedaços DÀlma”


Ausência

Quero largueza desta dor
Apartar-me desta saudade,
Libertar-me desta angústia e vencer esta dor
Mas é em vão...
Vão passar-se muitos anos Pai e eu vou sempre chorar a tua ausência.
Sinto a tua falta!
Queria poder sorrir e dizer "hoje vou visitar-te"
E digo-o à mesma, mas não vejo o teu sorriso,
não sinto a tua voz,
não sinto o calor do teu toque,
nem o teu afago ou beijo...
Estou triste.
(...)
Porque teimam as lágrimas em cair ...?
Porque é que hoje o dia está cinzento
E o vento traz brisas negras de saudade?
Porque é que a minha mão continua estendida
E eu não sinto o teu calor?
Não estás...…
Nunca mais vais estar
E eu sinto-me tão só.
Onde estão as tuas palavras, o teu olhar, o teu carinho?
Onde estão?
Longinquamente por aí…
Perdidas entre a minha dor e a saudade…
Continuo aqui, paralisada,
Igual a mim mesma à espera do abandono impossível da solidão..
Preciso, tanto, de um abraço teu!!!

Divinius disse...

Muito bonito o que li bjs*)

Chiko Kuneski disse...

Como o veio da água, teu veio poético nasce pequeno, vai crescendo e morre, trazendo vida ao leitor.Perfeito.

Ricardo Rayol disse...

Soturno... doído.

Alice Matos disse...

Que lindo, Saramar...
Cheio de simplicidade, de sentido e de ritmo...
E... (não triste...) realista...
É a nossa vida nos lábios da POETA...
Beijinhos grandes...