DO QUE SOU


do que sou
não posso dar notícia.
ainda revolvo gavetas
à busca de mim.
reviro álbuns,
lugar onde jazem
(quietos como mortos)
meus rostos
antigos, antigos.

do que sou
quase nada encontro...
um lampejo, um sapato,
alguns desejos,
antigos, antigos.

dos escritos, dos ditos
fragmentos sem fim
que dizem de mim,
das amarras,
dos mares incontornáveis,
dos portos que não alcancei.

do que sou
do tanto que amei,
há vestígios dos risos,
dos beijos, amigos.

e ainda assim,
em todas as caixas, nos livros,
nos cadernos em branco,
nos versos,
nas marcas de pranto...
há tanto adeus, tanto.

do que sou, ainda não sei.

Imagem: Lowther Steve

12 comentários:

Anônimo disse...

Sempre me pergunto: o que sou eu? Esses versos sou eu..ou seja ainda nao me achei

Moita disse...

"Do que sou" eu não sei.
Sei de quem és. rss

Belíssimo poema.

Trocentos cheiros

Anônimo disse...

É desse "não saber" que se nutre a magia da vida...
Teu poema está muito belo, assim como a imagem que o adorna.
Obrigada pela visita e pela emoção do teu comentário. Beijos.

Anônimo disse...

TE TOUXE

Eu passo o tempo clamando um teu beijo
Eu tenho a vida inteira para ver quem sou
Se na parada brusca eu não me ver pisar
A flor tão relaxada no meio do caminho
Eu levarei também areia pra dentro do ninho.
E deixarei marcado em qualquer ipê,
Minha paixão por eles no tempo mais quente.
Eu desgrudo de ti nem na brincadeira,
Onde eu um sapo longe do meu reino,
Caço uma boca pra me desfazer,
Para me decompor pétala, por pétala,
E o talo não conta, amor eu conto tanto,
Dormir contigo num leito de sedas,
Rente aos teus olhos, dentro de um coração.
Eu, da janela indo pro portão,
Para arrancar de ti e não deixar faltando
Um beijo que sacie esta fome de beijo
É água que eu desejo, mas dos lábios teus,
Esta fome que eu mate, te comendo inteira.
Eu passo o tempo chamando presente
O dia todo que passa correndo
E de passado bom, este dia num dia
Que eu não tenha saudade, tudo eu já matei.
Só guardarei a rosa que eu peguei,
Porque, encantada, eras tu dormindo,
Quando juntei-te mole, em minhas mãos,
Eu trouxe o teu lençol e forrei nosso ninho.

Um beijo
fis agora pra ti
Naeno

o alquimista disse...

“O Alquimista” foi nomeado o melhor dos 7 bogues maravilha após votação na blogoesfera, a imensa honra que me invade faz com que distribua esta honra por ti e todos aqueles que me visitam partilhando comigo esta Alquimia das Palavras.



Perdido no tempo o teu coração errante, alma desencontrada da oração, uma flor liberta na brisa uma semente, que secretamente a noite a recolhe na ausência de um coração.


Bom domingo


Doce beijo

Claudinha ੴ disse...

E nesta sua busca ,você nos encanta, nos comove. A busca é eterna,ainda bem! Beijos!

Tina disse...

Saramar:

E eu também não... talvez seja melhor assim.

Você verbaliza suavemente uma verdade inerente. Obrigada.

beijos querida, linda semana.

Fernando Palma disse...

Somos muito mais do que não sabemos. O que sabemos, provavemente já deixamos de ser.

un dress disse...

adeus e olá se alternam...

marcas é certo.


mas pele:


sempre a pele virgem...



beijO*

Anônimo disse...

..e voltaram os versos longos...
Poeta abençoada pela Poesia sai-se sempre bem, seja breve ou longo o Verbo. E faz um bem danado a quem tem a fortuna de lê-los.
Um beijo afetuoso, querida Poeta, e uma semana de luz.

Anônimo disse...

Saramar,

FELIZ ANIVERSÁRIO!

Muito amor, saúde, felicidade e todo o carinho do mundo.


Beijo

Anônimo disse...

O que somos... Senão quebra cabeça que somos montados aos poucos... Dia a dia nessa longa vida...

Doces palavras as suas... Sempre...

Beijo e otima semana

:*