FELIZ ANO NOVO!
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Saramar
on sábado, dezembro 29, 2007
/
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Que tudo se realize...
que alguma luz se faça,
que o amor finalmente cante sua canção,
que os amantes vejam o mar e o céu nos próprios olhos,
que as mesas sejam fartas,
que as crianças sejam amadas,
que os tristes sorriam,
que a paz comece a andar pelos caminhos do mundo,
que haja balões coloridos e borboletas,
que as flores possam continuar a enfeitar a vida,
que seja possível alguma felicidade, enfim,
para todos os cansados da solidão...
no ano que vai nascer.
Saramar
PALAVRAS
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Saramar
on quarta-feira, dezembro 26, 2007
/
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VEM, MENINO JESUS
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Saramar
on sábado, dezembro 22, 2007
/
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Os sinos anunciam o natal.
Tantos sinos, um barulho bonito até.
Um barulho, o ruído tão alto de alegria.
A boa nova, o bom da vida,
o bem.
Os sinos, porém, não escondem,
com sua música,
toda a dor do mundo e dos homens
nem a voz de quem lamenta, em pranto,
sua fome de amor e justiça.
Os sinos choram plangendo em gemidos
a cegueira dos sacerdotes e a frieza dos
marmóreos templos, onde a humanidade perdida
se entrega ao culto de Pantagruel,
insensível e farta.
Ah! Menino-Deus, se pudesse abrir as portas
da vida e mostrá-la aos homens.
A vida e sua beleza...
Se vier, Menino, para todas as festas,
não encontrará, entretanto, porta aberta,
senão no coração das crianças e dos tristes.
Mas, venha mesmo assim
e ilumine todos para que enfim vejam
que o amor é o caminho, o meio e o fim.
Saramar
Tantos sinos, um barulho bonito até.
Um barulho, o ruído tão alto de alegria.
A boa nova, o bom da vida,
o bem.
Os sinos, porém, não escondem,
com sua música,
toda a dor do mundo e dos homens
nem a voz de quem lamenta, em pranto,
sua fome de amor e justiça.
Os sinos choram plangendo em gemidos
a cegueira dos sacerdotes e a frieza dos
marmóreos templos, onde a humanidade perdida
se entrega ao culto de Pantagruel,
insensível e farta.
Ah! Menino-Deus, se pudesse abrir as portas
da vida e mostrá-la aos homens.
A vida e sua beleza...
Se vier, Menino, para todas as festas,
não encontrará, entretanto, porta aberta,
senão no coração das crianças e dos tristes.
Mas, venha mesmo assim
e ilumine todos para que enfim vejam
que o amor é o caminho, o meio e o fim.
Saramar
Os tristes meninos
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Saramar
on quarta-feira, dezembro 19, 2007
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Todos os meninos tristes poderiam se encontrar
em algum lugar e falar do que seria
se nenhum muro houvesse
ou se fossem longas as pernas.
Todos os meninos tristes poderiam se encontrar
e olhar longamente nos olhos,
improvisando uma dança em suas mãos.
uma dança de enlaçar.
Se todos os tristes olhassem longe,
são tantos, guardados em celas,
em gavetas, em trevas, em frestas.
São frágeis e perdidos, os meninos tristes.
Saramar
JÁ VEM O NATAL...
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Saramar
on domingo, dezembro 16, 2007
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O natal vem bem ali
e vastas arrumações já se fazem
em flores, em árvores, em planos e pratos.
em verdes, dourados, vermelhos
em uvas e vinhos.
O natal bem ali
e o homem se apressa revirando gavetas
em busca de algo
que não se lembra bem o que será,
mas é importante lembrar.
O natal cada dia mais aqui
e as toalhas engomadas da ceia
o lustre rebrilha
e uma alegria burocrática
já anda no ar.
O natal, o natal
eis que chega, Deus!
e há listas a comprar.
Deus?
Deus?!!
ai, meu Deus,
era isso o que ele buscava,
é aquela frase do menino
que está no presépio.
“Amai-vos uns aos outros...”
É isso!
Para pregar na porta,
enfeitada com laços.
O natal aqui.
ai, que cansaço!
e vastas arrumações já se fazem
em flores, em árvores, em planos e pratos.
em verdes, dourados, vermelhos
em uvas e vinhos.
O natal bem ali
e o homem se apressa revirando gavetas
em busca de algo
que não se lembra bem o que será,
mas é importante lembrar.
O natal cada dia mais aqui
e as toalhas engomadas da ceia
o lustre rebrilha
e uma alegria burocrática
já anda no ar.
O natal, o natal
eis que chega, Deus!
e há listas a comprar.
Deus?
Deus?!!
ai, meu Deus,
era isso o que ele buscava,
é aquela frase do menino
que está no presépio.
“Amai-vos uns aos outros...”
É isso!
Para pregar na porta,
enfeitada com laços.
O natal aqui.
ai, que cansaço!
Saramar
NASCEU O MENINO
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Saramar
on quarta-feira, dezembro 12, 2007
/
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Nasceu o Menino.
Tão pequenino, já carrega nos ombros,
o peso das dores do mundo.
Já leva no peito a dor dos solitários
a a fome dos famintos.
Nasceu o Menino.
Tão inocente, já sabe do sofrer,
já enxerga o egoísmo nos olhos
fechadas para os outros meninos.
Nasceu o Menino.
Tão abençoado, já traz consigo
o presente mais infinito,
o amor pelos outros pequeninos,
pelos grandes, pelos bons.
Mas seus olhos benditos
buscam os maus, os tristes e os descrentes
para a eles ensinar a mais bela lição:
de como abrir o coração e amar.
Saramar
POESIA E INTERNET - BLOGAGEM COLETIVA
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Saramar
on terça-feira, dezembro 11, 2007
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Uma pausa na poesia para falar de... poesia e internet.
É uma espécie de aquecimento para a discussão que se realizará na 22.ª Feira do Livro de Florianópolis, como se vê na imagem. Quem convida é o poeta Ricardo Rayol, com tema proposto por outro poeta, Rodrigo Capella.
À pergunta proposta, creio que a resposta única é sim e por dois motivos.
O primeiro é que, por meio da internet, temos acesso a um universo de poemas de autores já conhecidos e consagrados em todas as línguas, de todos os estilos e linguagens. Considero importantíssima essa difusão. Sem contar as traduções, as análises, os ensaios sobre poesia, os estudos sobre os poetas e suas criações.
Em segundo lugar, não há como negar que a internet foi como um big bang para os poetas, os aspirantes a poetas (ai, ai), os famosos e os anônimos. Na rede, há nebulosas (e buracos negros, também) formadas de versos. Poetas que jamais seriam lidos, devassaram gavetas e ei-los aqui, em brilho de estrela, ou na breve lembrança de luz dos cometas.
Em ambos os casos, observo que a visibilidade provocada pela internet incentivou a publicação de livros de poesia aos montes. Pequenos, enormes, ricos, pobres, artesanais, maravilhosos todos, porque livro sempre é maravilhoso.
Ter um livro de poesias nas mãos é contemplar estrelas e com elas conversar, como Bilac. A internet, ao abrir imensuráveis espaços para os poetas anônimos, abriu também a caixa de sonhos que é publicar um livro (até eu...).
Por isso, Ricardo, Rodrigo, falem por mim, que não poderei estar lá. Falem que internet e poesia são duas damas incontroláveis e impudicas que foram feitas uma para a outra.
É uma espécie de aquecimento para a discussão que se realizará na 22.ª Feira do Livro de Florianópolis, como se vê na imagem. Quem convida é o poeta Ricardo Rayol, com tema proposto por outro poeta, Rodrigo Capella.
À pergunta proposta, creio que a resposta única é sim e por dois motivos.
O primeiro é que, por meio da internet, temos acesso a um universo de poemas de autores já conhecidos e consagrados em todas as línguas, de todos os estilos e linguagens. Considero importantíssima essa difusão. Sem contar as traduções, as análises, os ensaios sobre poesia, os estudos sobre os poetas e suas criações.
Em segundo lugar, não há como negar que a internet foi como um big bang para os poetas, os aspirantes a poetas (ai, ai), os famosos e os anônimos. Na rede, há nebulosas (e buracos negros, também) formadas de versos. Poetas que jamais seriam lidos, devassaram gavetas e ei-los aqui, em brilho de estrela, ou na breve lembrança de luz dos cometas.
Em ambos os casos, observo que a visibilidade provocada pela internet incentivou a publicação de livros de poesia aos montes. Pequenos, enormes, ricos, pobres, artesanais, maravilhosos todos, porque livro sempre é maravilhoso.
Ter um livro de poesias nas mãos é contemplar estrelas e com elas conversar, como Bilac. A internet, ao abrir imensuráveis espaços para os poetas anônimos, abriu também a caixa de sonhos que é publicar um livro (até eu...).
Por isso, Ricardo, Rodrigo, falem por mim, que não poderei estar lá. Falem que internet e poesia são duas damas incontroláveis e impudicas que foram feitas uma para a outra.
PRISÃO
Postado por
Saramar
on domingo, dezembro 09, 2007
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ENREDO
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Saramar
on quinta-feira, dezembro 06, 2007
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umas letras espalhadas
e cantigas que um dia,
um poeta me deu, dizendo
linda semente encontrei
de poemas.
uma saudade perdida
de tanto lembrar a antiga
mania de ser feliz
(que eu tinha).
uns fragmentos, fitas azuis
num canto amarelo,
no febril desejo
de refazer o dia
em que te conheci.
mero palpitar
de passarinho preso
em enredo de amor
malogrado, porém belo.
Saramar
e cantigas que um dia,
um poeta me deu, dizendo
linda semente encontrei
de poemas.
uma saudade perdida
de tanto lembrar a antiga
mania de ser feliz
(que eu tinha).
uns fragmentos, fitas azuis
num canto amarelo,
no febril desejo
de refazer o dia
em que te conheci.
mero palpitar
de passarinho preso
em enredo de amor
malogrado, porém belo.
Saramar
E TUDO FOI INÚTIL
Postado por
Saramar
on sábado, dezembro 01, 2007
/
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Fui desafiada por Rose para me ligar à ENCRUZILHADA:
compor um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts,
não necessariamente na mesma ordem de publicação,
usando outras palavras para dar sentido ao todo.
Gostei deste desafio e convido todos os meus amigos
para participarem desse delicado exercício poético.
Os títulos dos meus dez últimos poemas estão em negrito.
compor um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts,
não necessariamente na mesma ordem de publicação,
usando outras palavras para dar sentido ao todo.
Gostei deste desafio e convido todos os meus amigos
para participarem desse delicado exercício poético.
Os títulos dos meus dez últimos poemas estão em negrito.
Antes, perdida na selva das horas,
girava pela vida, juntando dias,
carregando o tempo como cruz,
como cruz...
Depois, o amor em assalto de marés,
em vagas, em ventos
e seu canto de sereia,
levou o tempo, deixando
seus salgados signos, como luz,
como luz...
Foi breve sonho, passou.
como tudo e sempre, o amor
se desfez em miragem, morreu.
Dele ficou minha vida marcada,
nau do leme desgovernado
pela tempestade que meu coração abriga,
depois do adeus, da morte do amor.
Tanto lutei contra as pedras e o não,
agora, espero somente
o fim das vagas de lembranças
em que soçobro.
Peço aos deuses, levem meus tormentos,
que mais não seja a dor.
girava pela vida, juntando dias,
carregando o tempo como cruz,
como cruz...
Depois, o amor em assalto de marés,
em vagas, em ventos
e seu canto de sereia,
levou o tempo, deixando
seus salgados signos, como luz,
como luz...
Foi breve sonho, passou.
como tudo e sempre, o amor
se desfez em miragem, morreu.
Dele ficou minha vida marcada,
nau do leme desgovernado
pela tempestade que meu coração abriga,
depois do adeus, da morte do amor.
Tanto lutei contra as pedras e o não,
agora, espero somente
o fim das vagas de lembranças
em que soçobro.
Peço aos deuses, levem meus tormentos,
que mais não seja a dor.
Saramar
ANTES
Postado por
Saramar
on quarta-feira, novembro 28, 2007
/
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PERDIDA
Postado por
Saramar
on sexta-feira, novembro 23, 2007
/
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E nem isso sei,
se passamos,
se passei
das suas mãos para o não
nem isso sei.
um vão e o copo que tomo
vazio
e o trago desfeito
não era um beijo?
nem isso sei.
as fontes várias do som
que exalava das veias
e o vinho?
nem isso sei.
não sei
de rasgos,
de farpas na boca
e seiva e fatos
e uivos.
a paga do tempo
ido, lento
o que sei?
espinho recolhido
que nem mais fere
a pele,
as pernas
minhas pernas onde vão?
e eu sei?
trajeto da alma
que andava em pautas.
acontecia de amanhecer
e quem via?
nem isso sei
nívea ao sol
e sua, toda sua
e agora?
não sei
a lua,
o tempo de se esconder
e morrer à míngua
é agora?
é hora, é nunca?
não sei,
é véspera ou aurora?
rasgo o lençol em sua busca?
não sei
onde está você?
nunca sei.
Saramar
se passamos,
se passei
das suas mãos para o não
nem isso sei.
um vão e o copo que tomo
vazio
e o trago desfeito
não era um beijo?
nem isso sei.
as fontes várias do som
que exalava das veias
e o vinho?
nem isso sei.
não sei
de rasgos,
de farpas na boca
e seiva e fatos
e uivos.
a paga do tempo
ido, lento
o que sei?
espinho recolhido
que nem mais fere
a pele,
as pernas
minhas pernas onde vão?
e eu sei?
trajeto da alma
que andava em pautas.
acontecia de amanhecer
e quem via?
nem isso sei
nívea ao sol
e sua, toda sua
e agora?
não sei
a lua,
o tempo de se esconder
e morrer à míngua
é agora?
é hora, é nunca?
não sei,
é véspera ou aurora?
rasgo o lençol em sua busca?
não sei
onde está você?
nunca sei.
Saramar
DO LEME DESGOVERNADO
Postado por
Saramar
on quarta-feira, novembro 21, 2007
/
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O amor, feito bala perdida
cortou-me o corpo,
tragou-me a vida.
Ainda procuro de onde veio
como se fosse importante saber,
como se o leme desgovernado
do meu coração,
já não me tivesse levado
para o outro lado do mar.
como se meu fôlego já não
houvesse também se perdido
de tanto amar.
Saramar
Imagem: Bernard Cau
Veja outro poema aqui.
SELVA
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Saramar
on domingo, novembro 18, 2007
/
Comments: (9)
TUDO E SEMPRE
Postado por
Saramar
on sexta-feira, novembro 09, 2007
/
Comments: (18)
DEPOIS DO ADEUS
Postado por
Saramar
on segunda-feira, novembro 05, 2007
/
Comments: (14)
De minhas flores escondidas
deixo-te o perfume
e o sumo de fruta verde
e encarnada.
Deixo-te os pecados nas mãos
e o mapa das dores perdidas
que insistes em desvendar.
Deixo-te o mar dos meus desejos
e o beijo fundo com que
me acendeste a boca e escreveste
a sina de te amar sem fim ou começo.
Deixo-te o avesso de mim
e a tepidez de minhas promessas.
Deixo-te o que restou depois do tempo,
a leve trilha de tuas mãos
e o meu lento enlouquecer
nas festas que inventavas,
bailando, inebriante, em minhas frestas.
Deixo-te, a porta aberta...
Saramar
Imagem: Daeni Pino
deixo-te o perfume
e o sumo de fruta verde
e encarnada.
Deixo-te os pecados nas mãos
e o mapa das dores perdidas
que insistes em desvendar.
Deixo-te o mar dos meus desejos
e o beijo fundo com que
me acendeste a boca e escreveste
a sina de te amar sem fim ou começo.
Deixo-te o avesso de mim
e a tepidez de minhas promessas.
Deixo-te o que restou depois do tempo,
a leve trilha de tuas mãos
e o meu lento enlouquecer
nas festas que inventavas,
bailando, inebriante, em minhas frestas.
Deixo-te, a porta aberta...
Saramar
Imagem: Daeni Pino
O TEMPO
Postado por
Saramar
on sábado, novembro 03, 2007
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Comments: (6)
QUE NÃO MAIS SEJA, A DOR...
Postado por
Saramar
on quinta-feira, novembro 01, 2007
/
Comments: (10)
Cantar os mortos,
contar os mortos.
Que minha voz morra também
para sempre e antes deste carpir
antes de numerar a inominável incoerência:
o homem matar o homem.
Que me caiam os olhos antes de ver
homens mortos pelos homens.
Que se lance aos cães minhas mãos vermelhas
da outra cor da negra tez, aberta aos borbotões.
Que se velem meus ouvidos para sempre
com o lancinar do grito das mulheres.
Que não mais seja, a dor de tanto ver
que cada homem não morre sua morte,
de ver a morte aos quilos, por atacado,
pelo ataque do homem, morto pelo homem.
(lamento pela paz)
contar os mortos.
Que minha voz morra também
para sempre e antes deste carpir
antes de numerar a inominável incoerência:
o homem matar o homem.
Que me caiam os olhos antes de ver
homens mortos pelos homens.
Que se lance aos cães minhas mãos vermelhas
da outra cor da negra tez, aberta aos borbotões.
Que se velem meus ouvidos para sempre
com o lancinar do grito das mulheres.
Que não mais seja, a dor de tanto ver
que cada homem não morre sua morte,
de ver a morte aos quilos, por atacado,
pelo ataque do homem, morto pelo homem.
(lamento pela paz)
Saramar
DEPOIS
Postado por
Saramar
on terça-feira, outubro 30, 2007
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Comments: (12)
cansada e nua
despeço-me à porta,
da noite, de ti, da lua.
banhada de sua ternura
e saciada, durmo,
enquanto o sol,
invejoso do lume
que em meu corpo deixaste,
arde sobre as flores que trouxeste.
Saramar
despeço-me à porta,
da noite, de ti, da lua.
banhada de sua ternura
e saciada, durmo,
enquanto o sol,
invejoso do lume
que em meu corpo deixaste,
arde sobre as flores que trouxeste.
Saramar
Hoje estou também aqui.
BREVE SONHO
Postado por
Saramar
on domingo, outubro 28, 2007
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foi tão breve o sonho,
se fosse pesadelo, duraria.
o amor em sua cegueira,
que dizem proposital,
passa assim como os sonhos,
breve vento mortal.
e deixa tudo mexido,
tudo fora do lugar
deixa também o gemido
da dor de não mais ser
deixa tudo revolvido,
leva a vontade de viver.
o amor não devia
fazer a gente sonhar
para depois ir embora
quando um sol, parecia
de tanto que alumiava,
mas na verdade cegava.
todo mundo bem que dizia,
mas eu, cega como estava
nada via, só sonhava.
e quando dei por mim,
novamente anoitecia.
Saramar
Imagem: Yuri Bond
se fosse pesadelo, duraria.
o amor em sua cegueira,
que dizem proposital,
passa assim como os sonhos,
breve vento mortal.
e deixa tudo mexido,
tudo fora do lugar
deixa também o gemido
da dor de não mais ser
deixa tudo revolvido,
leva a vontade de viver.
o amor não devia
fazer a gente sonhar
para depois ir embora
quando um sol, parecia
de tanto que alumiava,
mas na verdade cegava.
todo mundo bem que dizia,
mas eu, cega como estava
nada via, só sonhava.
e quando dei por mim,
novamente anoitecia.
Saramar
Imagem: Yuri Bond
À SUA PROCURA
Postado por
Saramar
on terça-feira, outubro 23, 2007
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Hoje posso dizer como o Poeta
que mil vezes finjo vê-lo e só a
sombra me faz companhia.
Entretanto, sonho e assim
eu o tenho, próximo a mim.
Busco-o com meu olhar na
paisagem vazia.
Nada, nada o traz, nem este
lamento de amor, nem
a tristeza de minhas mãos
frias a tentar um toque, uma
só carícia que me nutrirá
a vida inteira.
Indago as sombras, aborreço os dias
à sua procura e, desta maneira,
imagino- o aqui, sinfonia em flores.
Até nas aves o vejo.
Mas são sombras,
são dores e a distância que,
ao final de tantos malogros,
ao ensejo das horas cruas, finalmente
me dirão que aqui, ainda não está.
Saramar
Imagem: Willow
que mil vezes finjo vê-lo e só a
sombra me faz companhia.
Entretanto, sonho e assim
eu o tenho, próximo a mim.
Busco-o com meu olhar na
paisagem vazia.
Nada, nada o traz, nem este
lamento de amor, nem
a tristeza de minhas mãos
frias a tentar um toque, uma
só carícia que me nutrirá
a vida inteira.
Indago as sombras, aborreço os dias
à sua procura e, desta maneira,
imagino- o aqui, sinfonia em flores.
Até nas aves o vejo.
Mas são sombras,
são dores e a distância que,
ao final de tantos malogros,
ao ensejo das horas cruas, finalmente
me dirão que aqui, ainda não está.
Saramar
Imagem: Willow
MURALHA
Postado por
Saramar
on domingo, outubro 21, 2007
/
Comments: (7)
Mar,
muralha
a nos separar
sem porto, sem cais
o mar anda por lá.
aqui é água lenta
de pântano escuro
e seus monstros
que à luz do dia
não se mostram jamais:
a saudade, sombra no peito,
o vinho que amarga a boca
e uma melancolia,
liame nos pés, no fundo.
Quanto mais o quero perto
mais a muralha se adensa.
À noite minhas mãos frágeis
mergulham em mim,
em lembranças quebradas,
e sei assim,
pelo gelo que encontram,
que se distancia cada vez mais.
Saramar
muralha
a nos separar
sem porto, sem cais
o mar anda por lá.
aqui é água lenta
de pântano escuro
e seus monstros
que à luz do dia
não se mostram jamais:
a saudade, sombra no peito,
o vinho que amarga a boca
e uma melancolia,
liame nos pés, no fundo.
Quanto mais o quero perto
mais a muralha se adensa.
À noite minhas mãos frágeis
mergulham em mim,
em lembranças quebradas,
e sei assim,
pelo gelo que encontram,
que se distancia cada vez mais.
Saramar
ESPERA
Postado por
Saramar
on sexta-feira, outubro 19, 2007
/
Comments: (7)
não sei mais o que sinto,
por tantos rumos o amor me leva.
não sei se morro de dor
ou se me embriago de amanhãs.
(lembrança das horas que vivo.)
se insisto e levo meu barco de papel,
perdido também,
entre o frio beijo e o silêncio.
é a ilusão que procura trilhas,
um sinal, uma seta.
é a manhã que chega depois de mim
para anunciar o dia, insone que vivo,
de tanta espera.
Saramar
Imagem: Cristina Becejski
CÍRCULO
Postado por
Saramar
on quinta-feira, outubro 18, 2007
/
Comments: (8)
foste hábil
para criar álibis
de me deixar.
ando agora
na frieza dos mármores
sobre meus sonhos inúteis
em círculos,
só.
Saramar
Imagem: Carole Bécam
Convido-os a ler outro poema aqui.
para criar álibis
de me deixar.
ando agora
na frieza dos mármores
sobre meus sonhos inúteis
em círculos,
só.
Saramar
Imagem: Carole Bécam
Convido-os a ler outro poema aqui.
DESALENTO
Postado por
Saramar
on quarta-feira, outubro 17, 2007
/
Comments: (5)
MOMENTO
Postado por
Saramar
on sábado, outubro 13, 2007
/
Comments: (10)
há momentos em que o amor não basta
e a solidão é uma mordaça,
dá vontade de se cortar
e virar um galho de flor
morto e bonito,
cercado de vidro e riso.
e virar uma flor bonita
enfeitando olhos de longe
e o perfume de flor morta,
e a cor morta.
há momentos de me matar.
e aparecer depois da porta
linda e fria,
com o brilho de cacos
no corpo.
Saramar
Imagem: Ian Winstanley
e a solidão é uma mordaça,
dá vontade de se cortar
e virar um galho de flor
morto e bonito,
cercado de vidro e riso.
e virar uma flor bonita
enfeitando olhos de longe
e o perfume de flor morta,
e a cor morta.
há momentos de me matar.
e aparecer depois da porta
linda e fria,
com o brilho de cacos
no corpo.
Saramar
Imagem: Ian Winstanley
LEVE A DOR
Postado por
Saramar
on quinta-feira, outubro 11, 2007
/
Comments: (15)
À dor, não cabe prisão.
Antes, há que soltá-la, em uivos de cão
Antes, há que soltá-la, em uivos de cão
ou canto, em levas,
pra longe do coração.
Há que confrontá-la com a beleza das ruas,
com os olhos do moço que passa,
com a primavera rolando pela calçada
em perfumada conversa com as pedras.
À dor, abra as portas
e, com seu mais lindo batom e as pernas nuas,
leve-a em trottoir pelas ruas
sempre um passo além... da dor.
Assim, ao erguer o olhar,
por trás de tão linda boca,
ela não reconhecerá
a angústia que habitava,
a cordial morada, antes sua.
E irá se perdendo... a dor.
A dor irá se perdendo
nas ruas por onde for,
você e suas pernas nuas.
(para duas ou três poetas
que trancaram a dor,
entre elas, eu)
Saramar
pra longe do coração.
Há que confrontá-la com a beleza das ruas,
com os olhos do moço que passa,
com a primavera rolando pela calçada
em perfumada conversa com as pedras.
À dor, abra as portas
e, com seu mais lindo batom e as pernas nuas,
leve-a em trottoir pelas ruas
sempre um passo além... da dor.
Assim, ao erguer o olhar,
por trás de tão linda boca,
ela não reconhecerá
a angústia que habitava,
a cordial morada, antes sua.
E irá se perdendo... a dor.
A dor irá se perdendo
nas ruas por onde for,
você e suas pernas nuas.
(para duas ou três poetas
que trancaram a dor,
entre elas, eu)
Saramar
INSENSATEZ
Postado por
Saramar
on segunda-feira, outubro 08, 2007
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Comments: (17)
Não fosse o amor essa insensatez
e o desatar de dias em ilusão,
não fosse essa paixão
que desnorteia a boca,
e me põe a rasgar as palavras,
qual cortinas,
enquanto me dispo.
Não fosse esse tanto de loucura
que minhas mãos pressentem
no seu corpo que desejo.
Não fosse a luz e a sombra
com que me tortura
e essa fome de beijos
com que amanheço.
Não fosse a palavra mais doce
que em fuga, me diz...
eu poderia esquecer tudo
e fingir que sou feliz.
Saramar
Imagem: Ladmore
A COR DO TEMPO
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Saramar
on sexta-feira, outubro 05, 2007
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CAMINHO
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Saramar
on terça-feira, outubro 02, 2007
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MINHA DOR
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Saramar
on domingo, setembro 30, 2007
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Minha dor suburbana
é menor que os frágeis meninos
que morrem todos os dias
e suas pernas franzinas,
como de dançarinas.
Minha dor inerme,
minha dor sem peito,
é tão mal percebida,
que só aparece assim,
em palavras apagadas,
rasuras que apenas arranham,
o que realmente sinto.
Essa minha dor,
fruto de mesquinha semente,
que tragédia a gerou?
Talvez um amor perdido,
talvez um sonho tão repetido
que perdeu o sentido e desbotou.
Mas é forte, frutifica
e, atrás do pano barato da cortina,
cresce em madrugadas,
essa dor que me desatina.
Saramar
Imagem: Pamela Williams
é menor que os frágeis meninos
que morrem todos os dias
e suas pernas franzinas,
como de dançarinas.
Minha dor inerme,
minha dor sem peito,
é tão mal percebida,
que só aparece assim,
em palavras apagadas,
rasuras que apenas arranham,
o que realmente sinto.
Essa minha dor,
fruto de mesquinha semente,
que tragédia a gerou?
Talvez um amor perdido,
talvez um sonho tão repetido
que perdeu o sentido e desbotou.
Mas é forte, frutifica
e, atrás do pano barato da cortina,
cresce em madrugadas,
essa dor que me desatina.
Saramar
Imagem: Pamela Williams
Das letras em meu peito
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Saramar
on quinta-feira, setembro 27, 2007
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DESPEÇO-ME DOS SONHOS
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Saramar
on terça-feira, setembro 25, 2007
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Despeço-me dos sonhos,
os únicos guardiões da solidão
que dorme comigo e comigo amanhece.
Já não mais virá pisar nos meus canteiros
refazendo a madrugada em música de amor.
Meu colo, antes abrigo, será árido chão.
Vai e reescreve sua canção,
deixa os acordes no devido lugar.
Eu, daqui fico, em noites sem sonhos.
Não prometo guardar todas as águas,
não sou desse tamanho,
principalmente quando se trata de dor.
Irei me alimentar de lágrimas e
me assombrar na surda insônia sem sua voz.
Vai, não pense mais.
Afinal, tudo se vai sempre.
Só o amor, esse incansável,
insiste em ser enquanto der.
Saramar
Imagem: Nathalie Shau
PÊNDULO
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Saramar
on domingo, setembro 23, 2007
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a vida não espera o compasso dos relógios
nem o dia virando noite
e vice e versa sempre
para que a esperança
se canse de ser esperança
e vire vida
que não segue o compasso de nada
senão do amor que vem e vai,
que volta e não volta,
retorna e se torna vida
que não morre de si
e, volta e meia,
revira volta.
Saramar
PRIMAVERA (II)
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Saramar
on sexta-feira, setembro 21, 2007
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SE EU FOSSE POETA
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Saramar
on quarta-feira, setembro 19, 2007
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Queria dos poetas, o gume,
a palavra exata, o corte
no minuto último do respirar.
Queria falar como os poetas
escandindo versos,
escolhendo o acento perfeito
e o amor em heptassílabos,
mais bem feito que qualquer vida,
a dor no devido lugar.
Queria música nos meus versos
para enfeitar meu tosco dizer.
Assim, quem sabe,
meu amor que não me vê,
embalado na beleza desse lindo versejar,
olhasse para cá e se pusesse a admirar
o ritmo, o verso, a música
e entendesse,
nas palavras que escreveria,
o amor que nestas rimas pobres,
não consegue enxergar.
Saramar
PAIXÃO
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Saramar
on segunda-feira, setembro 17, 2007
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TORTURA
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Saramar
on sábado, setembro 15, 2007
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SÓ NUVEM
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Saramar
on sexta-feira, setembro 14, 2007
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O AMOR QUE SINTO POR VOCÊ
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Saramar
on quinta-feira, setembro 13, 2007
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O amor não é um jogo
não tem trama
o amor é o inverso
é a corda no pescoço
não é beijo depositado
é ferida no peito
e o sangue de quem deixa
de quem morre
e se entrega à dúvida
e despreza o freio.
o amor é o joelho no chão
do coração
é a certeza
e o não-sei-o-quê
que assombra e some
é esse querer sem jeito,
sem tempo certo,
sem jogo.
Amor é o que sinto por você.
Saramar
Imagem: Edvard Munch
INSANA
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Saramar
on quarta-feira, setembro 12, 2007
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QUERO SOMENTE A TI
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Saramar
on domingo, setembro 09, 2007
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QUEIMADA
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Saramar
on quinta-feira, setembro 06, 2007
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FRUTO
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Saramar
on segunda-feira, setembro 03, 2007
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OFERENDA
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Saramar
on sábado, setembro 01, 2007
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EU E VOCÊ
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Saramar
on sexta-feira, agosto 31, 2007
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Você era o lume
na aguda nudez dos meus olhos
vendo tudo que eu sonhava,
mas se perdeu do meu carinho.
Desenhei palavras de amor
nas calçadas,
esperei sua resposta.
Você mudou de caminho.
Farto-me agora dos amores alheios
beijo com os beijos dos outros
deito-me em leitos repletos (miragem)
entre as canções dos amantes.
Nossa música era a mesma
e outra também, mais intensa
e a todos seduzia, mesmo presa,
guardada em nós (ilusão)
como fruta aberta na mesa.
Mas você mudou de caminho,
perdeu-se em outros carinhos.
Saramar
Imagem: Nicoletta
TARDE
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Saramar
on terça-feira, agosto 28, 2007
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Agora sei que amar você
é embaraço de pêlos,
tonteira, tentação,
uma cor de crepúsculo
fingindo aurora
um poema preso
em folha branca.
Amar você é um drama,
um silêncio lá fora
e gemidos por dentro
e gritos
e graças ao dia
em que o mar se abriu
e o conheci
biblicamente.
(por que só agora descobri?)
Imagem: Picasso
Hoje há um poema novo lá no blog do Leo. Clique aqui.