O amor vivia trancado no velho papel
em desdenhosas palavras anunciando o fim.
O amor, essa desbotada flor
no meu vestido nunca usado,
já deixara de doer,
cansado.
Um prelúdio, porém havia,
de bachianas notas
melancolicamente pairando
por meu caminho,
a tocar, a tocar, a tocar,
qual asas arranhando-me a alma.
Sangro na calçada,
as lágrimas,
há tanto caladas.
A cortina da saudade,
antes apagada, abre-se na nitidez
do meio-dia.
E, no entanto, em mim, anoitece,
lanho-me em silêncio para disfarçar
a dor.
Quisera ser também de pedra
e deixar ir o tormento
desse amor que julgara morto
e ainda se abre em labirintos
de angústia,
rompendo o que se tornara secreto,
desfazendo o que fizera o tempo.
Saramar
Imagem: Nissan Engel
em desdenhosas palavras anunciando o fim.
O amor, essa desbotada flor
no meu vestido nunca usado,
já deixara de doer,
cansado.
Um prelúdio, porém havia,
de bachianas notas
melancolicamente pairando
por meu caminho,
a tocar, a tocar, a tocar,
qual asas arranhando-me a alma.
Sangro na calçada,
as lágrimas,
há tanto caladas.
A cortina da saudade,
antes apagada, abre-se na nitidez
do meio-dia.
E, no entanto, em mim, anoitece,
lanho-me em silêncio para disfarçar
a dor.
Quisera ser também de pedra
e deixar ir o tormento
desse amor que julgara morto
e ainda se abre em labirintos
de angústia,
rompendo o que se tornara secreto,
desfazendo o que fizera o tempo.
Saramar
Imagem: Nissan Engel
11 comentários:
Lindo esse poema.As vezes trancamos o amor em um rabiscado no papel, ou num tocar de uma música, apenas pra deixar que as lembrança sempre aflorar a nossa alma. Parabéns, gostei muito de ler seu texto. muito encantador seu cantinho. Uma ótima semana pra ti. Bjs!
Belo poema. Enchi-me de uma densa vontade de ter escrito isto.
Um beijo
Naeno
Oi Saramar!
Hoje especialmente, eu também quisera...
beijos,
as vezes esse grito cala fundo e nos faz sangrar mortalmente.
a poeta sabe mexer no mais profundo das nssas emoções. quem de nós não se sente mexido com um poema deste?
Lindo!
Beijo
que prelúdio... que lembranças... que dores... que poema!!!
beijos
Se eu amar assim vou conseguir escrever assim?
Beijos, Sara!!
Saramar,
Li e reli este poema, demasiado belo, atravessado pelo amor e pela saudade, amor tantas vezes trancado, mas pronto a irromper às vezes a um simples gesto, a uma simples palavra, a algo que parece vir do nada...
Embora com menos talento e génio na descrição tenho nos últimos momentos do meu espaço alguns sentimentos muito parecidos, por isso me identifiquei tanto com este texto.
Aliás, hoje descobri a sua crónica sobre Odele e outras afinidades e gostei muito de a conhecer melhor.
Beijinhos
Faça a fila andar!É a melhor coisa!
Nossa...esse poema doeu aqui...
Um abraço Saramar!
Duas coisas boas me aconteceram ao passar hoje por esse blog... Primeiro pude ler esse belíssimo poema e depois impressionada com a imagem, fui ver quem era o artista e adorei o trabalho dele, pois até então eu não o conhecia. (Nissan Engel)
Beijos!!!
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