Alma amante, sempre, em todo lugar, sua
Boca é favo, nascente de amor e
Cálice de delícias, em que as comuns e diárias
Dores viram pernas fortes e sagazes.
Espelho cujas imagens vivem a dançar como as águas.
Fonte recôndita, misteriosa e cheia de flores.
Gaia fecunda e bela, entrega tudo e a tudo se entrega com
Humildade e amor para transformar sementes em
Infinita dádiva de fecundidade.
Jovem, encanta os dias e assombra as estrelas com sua
Luz, tépido astro a flutuar, acompanhada por pássaros.
Mulher, anjo de luz ou demônio da perdição.
Náiade submersa em amores a se desmanchar em
Orgasmos luminosos e dilacerantes.
Plural e única, faz do dia, infinitos, em sua lida
Querida dos animais, dos homens, dos deuses, ao
Romance se entrega tal Leda a Zeus.
Seara luxuriosa de cuidados e visões
Tudo vê, tudo ama, tudo transforma.
Única viajante a carregar em si a
Vida futura, a cuidar da vida presente com a
Xepa dos pequeninos ou o fausto dos imensos.
Zênite, guardiã da vida, fim e começo.
Saramar
Imagem: Jonh Maitland
Estou viajando, mas tem poema novo no blog do Léo. Por favor, leia.