ÁGUAS
Postado por
Saramar
on segunda-feira, janeiro 10, 2011
Desabam os homens
e caem-lhes, entre as pernas,
no lombo, na cara,
fogões e trapos
e restos de filhos, trôpegos
da morte
que sempre cai bem aos pobres.
Desabam os homens
e rolam por montanhas de indiferença
entre os risos, os fogos,
os tépidos abraços
que cada iniciar impõe.
Na festa travessa do novo ano,
cascateiam pernas e roupas
deságuam os risos
desfazendo em tripas mortas
e coloridas,
a vida.
Deságuam os céus,
desabam os homens
e as mulheres pretas
sob o resto podre dos festeiros insanos,
a cada ano.
Saramar
8 comentários:
Olá Saramar!
Fortíssimo poema que retrata as tragédias que o descaso vem fazendo acontecer neste mês de águas. Triste e real.
Parabéns!
Um beijo e um 2011 feliz!
Sábia Saramar...perfeitas tuas palavras.
Um beijo!
Desabam os homenssim, mas haverá alguém que poderá ergê-los?
Lindo. Beijos doces.
Ôh! Moça sumida. rss
Denso poema, lindo como sempre, aliás, dizer que seus poemas são lindos é chover no brejo.
Um poema tragicamente belo. Um beijo, amiga.
Vida aguada com risos histéricos em festas estéreis. Beijus,
Querida amiga,
O Caracol,
os homens,
são trapos,
na quietude
do tempo.
Oi Saramar!
Eu sempre "amei" os escritos seus e tenho saudade.
Obrigada pelo doce comentário que deixou no BM no post do Dia das Mães. Lindo, só poderia ter vindo de alguém com a sua sensibilidade.
beijos querida, não some...
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