NÁUFRAGO
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Saramar
on domingo, outubro 30, 2005
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Andei pelos meus sonhos para colorir a noite de meus olhos
Acordei buscando o sol naquela noite, onde, encontrei você.
Solitário, soluçava diante das estrelas despidas pelos ventos
Beijei a lembrança. Abracei a sua foto, desvelei o seu rosto,
Espalhados em meus olhos molhados
Pelos fragmentos de felicidade
Empalhadas em meu corpo estirado no vazio
Esqueci você dentro de mim
Sou náufrago do tempo.
Embalado pelas marés
Ondulantes que navegam meu coração.
Passageiro das ondas do mar.
Sobrevivente dos mergulhos
Nas nascentes do amor,
O amor dividido, desajeitado, desejado.
Grito sem esperança de um abandono voraz.
Fico mudo! Permaneço calado, nos afagos silenciosos
Daquele último sorriso regurgitado na memória.
Conversei com a ilusão prometendo não mais sonhar
Esculpi meu desejo traçado nos castelos de areia.
pelos devaneios presos nos liames das lembranças
costuradas nos retalhos do passado.
Hoje meu futuro.
Guardo embaixo do tapete, passagem obrigatória deste
Náufrago, rastejante de lembranças doloridas
Do presente.
Wilton Chaves
SEARAS
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Saramar
on sexta-feira, outubro 28, 2005
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PRESENTE
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Saramar
on quinta-feira, outubro 27, 2005
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Ao meu amor, dei todas as palavras,
as mímicas, os sonhos e algumas flores.
Um presente diário de momentos mudos
e olhares quentes.
Ao meu amor, dei de presente todas as
carícias, algumas inventadas novamente.
Outras sonhadas, copiadas de novelas
baratas e ardentes.
Ao meu amor, todas as lágrimas dei,
ao vê-lo dormindo em meu corpo ou
em horas extremas que se revelaram
começos e recomeços.
Ao meu amor, dei meu presente.
Mas, isso foi ontem, foi antes.
Saramar
CARTA DE AMOR
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Saramar
on terça-feira, outubro 25, 2005
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Meu amor, a música que
embalou nossos sonhos
Acordou hoje em meus
sonhos solitários.
Eu, que jurei esquecer
as notas perdidas em sua boca,
cantarolei com o tom
amargo da saudade.
As palavras de amor da melodia
estão embotadas pela indiferença.
Esqueci-as,
porém, sem esquecê-lo.
Percebo os elos dos versos
de amor que ataram também
nossos sonhos por um tempo
tão rápido e breve como as
fantasias de Schumann.
A música desnorteia meus sentidos
e me perco em seus
ecos, assim como me perdia
em seu corpo,
móbile dos meus desejos.
Saramar
SONETO DO AMOR TOTAL
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Saramar
on segunda-feira, outubro 24, 2005
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Amo-te tanto, meu amor...não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO
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Saramar
on domingo, outubro 23, 2005
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Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.
Te olhei.
E há tanto tempo
Entendo que sou terra.
Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu.
Pastor e nauta
Olha-me de novo.
Com menos altivez.
E mais atento.
Hilda Hilst
DANÇA
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Saramar
on sexta-feira, outubro 21, 2005
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O nosso amor é uma dança vermelha
regida pelas paixões enleantes de
um tango argentino
regida pelas paixões enleantes de
um tango argentino
e o fogo, o fogo, o fogo .
Em nosso amor, palavras ferem
e rasgam a pele e a alma para
depois lavar as feridas
com os olhos molhados,
costurar as lacerações
com beijos molhados.
Em nosso amor, delicadezas
lentas atravessam nossos
compassos, tornando leves
nosso pés e o corpo inteiro.
Nosso amor é uma dança
íntima e passional que
ora nos eleva ao céu,
ora nos derrama neste
duro chão que é a vida.
Em nosso amor, palavras ferem
e rasgam a pele e a alma para
depois lavar as feridas
com os olhos molhados,
costurar as lacerações
com beijos molhados.
Em nosso amor, delicadezas
lentas atravessam nossos
compassos, tornando leves
nosso pés e o corpo inteiro.
Nosso amor é uma dança
íntima e passional que
ora nos eleva ao céu,
ora nos derrama neste
duro chão que é a vida.
Saramar
AMOR
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Saramar
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Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla, sempre
o amor procura, tacteia no escuro,
essa perna é tua?, esse braço?,
subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente á tua boca,
abre-se a alma à lingua, morreria
agora se mo pedisses, dorme,
nunca o amor foi facil, nunca,
também a terra morre.
Eugénio de Andrade
AINDA AMO VOCÊ
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Saramar
on quarta-feira, outubro 19, 2005
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Amo, ainda.
Mais, se possível fosse.
Amo as noites escuras de dor e silêncio
Quando sua boca deixou a minha
E tentou outros sabores.
Amo as dores
que minha alma provou
na solidão de não estar.
Amo as pedras que rolaram
sob nosso amor selvagem
e o riso dos pássaros que
se fartaram de nosso mel.
Amo até sua ausência
porque dela assomam
os mínimos carinhos e
as carícias inimagináveis
que seu amor inventava
para agradar o meu.
Saramar
Mais, se possível fosse.
Amo as noites escuras de dor e silêncio
Quando sua boca deixou a minha
E tentou outros sabores.
Amo as dores
que minha alma provou
na solidão de não estar.
Amo as pedras que rolaram
sob nosso amor selvagem
e o riso dos pássaros que
se fartaram de nosso mel.
Amo até sua ausência
porque dela assomam
os mínimos carinhos e
as carícias inimagináveis
que seu amor inventava
para agradar o meu.
Saramar
SOLIDÃO
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Saramar
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As mãos brancas da solidão
pousam suavemente nos
móveis empoeirados e vazios.
A solidão escorre lenta e dolorida
por corredores frios.
Vem trazendo cheiro de
flores mortas.
Ressoa silenciosa e tange
o cordão tenso que
abala os sons.
Não existisse a solidão,
como seriam as noites
e as madrugadas frias?
Como seriam o silêncio
e a dor?
Se os ecos do meu coração
fossem ouvidos à distância,
a solidão não seria.
Solidão, amiga minha,
constante presença a
exigir constante dedicação.
Anjo da guarda, demônio,
vida.
Saramar
POÉTICA
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Saramar
on segunda-feira, outubro 17, 2005
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Uma palavra há de ser poética
desde que você a coloque no lugar
imprevisto, desde que ela dê alarme,
desde que ela quebre o muro da
velha ordem. É preciso sempre
escrever a primeira vez de uma
frase. Se possível botar roupa
rasgada nas idéias. Toda frase
que se faz é preciso gozar nela,
E é preciso fazer o serviço com
paciência para que o gozo dê
frutos.
Manoel de Barros.
VOLTA
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Saramar
on domingo, outubro 16, 2005
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Nestas tardes mornas e caladas,
quando o sol entontece as cigarras e as flores,
volta a saudade dos beijos cheios de
calor e do seu olhar falando em minha alma.
Voltam os nossos silêncios e o coração aos pulos
esperando a próxima carícia, a surpresa
do doce sorriso e dos carinhos tontos.
Nestas tardes, sinto a falta do sono nos teus lábios
e do despertar em braços moles de sonhos.
Por favor não se demore mais
que as tardes já são noites
e o frio da lua branca
já dominou o sol.
Saramar
quando o sol entontece as cigarras e as flores,
volta a saudade dos beijos cheios de
calor e do seu olhar falando em minha alma.
Voltam os nossos silêncios e o coração aos pulos
esperando a próxima carícia, a surpresa
do doce sorriso e dos carinhos tontos.
Nestas tardes, sinto a falta do sono nos teus lábios
e do despertar em braços moles de sonhos.
Por favor não se demore mais
que as tardes já são noites
e o frio da lua branca
já dominou o sol.
Saramar
NUVENS
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Saramar
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Às vezes, esqueço de sonhar
e só me lembro ao entardecer,
quando o beija-flor vem
comer na vasilha dos cachorros.
Então me lembro de olhar minhas flores
e vejo que a gloxínia floriu.
Branca com bolinhas vermelhas.
Desato, então, a sonhar como nuvem.
Sei que nuvens sonham
senão não seriam bicho, gente, beijo.
Viagens por céus e mares,
Beijos, flores outras e amores.
Imagino largos vôos.
Nem consigo voltar.
Fico lá
nas nuvens.
Saramar
EU TE AMO
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Saramar
on sexta-feira, outubro 14, 2005
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Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armários embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica como que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Chico Buarque
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armários embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica como que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Chico Buarque
ÂNSIAS
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Saramar
on quarta-feira, outubro 12, 2005
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Meu corpo transborda.
Meus poros abertos aguardam
um rastro de desejos e delícias.
Quero a carícia inicial, íntima,
em minhas fontes e ramos.
Minhas rosas rubras tremulam
na ânsia de sua boca animal.
Vem, amigo,
trazer o fogo,
apagar o meu fogo
com seus líquidos incendiários.
Misture-os aos meus,
dentro e fora
dos cálices originais.
Saramar
O AUSENTE
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Saramar
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Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem amiga...
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
Vinícius de Moraes
LUZ DO SOL
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Saramar
on terça-feira, outubro 11, 2005
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Luz do sol
Que a folha traga e traduz
Em verde novo
Em folha em graça
Em vida em força em luz
Céu azul que vem até
Onde os pés tocam a terra
E a terra inspira e exala seus azuis
Reza, reza o rio
Córrego pra o rio, o rio pro mar
Reza a correnteza, roça a beira doura areia
Marcha o homem sobre o chão
Leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza
Coisa mais querida, a glória da vida.
Caetano Veloso
MASCARADA
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Saramar
on segunda-feira, outubro 10, 2005
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Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)
- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.
- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.
- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!
Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
(Frase dos mascarados de antigamente)
- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.
- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.
- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!
Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?
- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.
Manuel Bandeira
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?
- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.
Manuel Bandeira
PESCAR LEMBRANÇAS
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Saramar
on domingo, outubro 09, 2005
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No embornal,
levo minha nostalgia
e um ou dois sonhos de outros tempos.
É nessas tardes caídas
que busco nas águas do açude
um ou dois trechos da fugidia memória.
Nesse cenário azul
das fímbrias da Serra do Mar
cessam todos os ventos.
São horas de passar o fio
e fazer um colar
com as contas da própria história.
Paulo Renato Rodrigues
BUSCA
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Saramar
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Venho construindo pontes.
Com pedras e entulhos e
asas de borboletas para sempre imóveis.
Venho construindo pontes.
Um olhar de águia guia meus movimentos
e me leva por estreitos caminhos
invisíveis aos meus olhos cegos.
Venho constuindo pontes.
Piso em águas, escorrego em pedras
buscando fontes, bases, laços de amarrar.
Venho construindo pontes.
Hoje, uma ponte cai, levada pelas dores
Ontem, o tempo já havia tomado outra.
Amanhã, quantas permanecerão
suspensas nas asas das borboletas mortas?
Saramar
AS SEM RAZÕES DO AMOR
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Saramar
on sábado, outubro 08, 2005
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Eu te amo, porque te amo,
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade
DORES
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Saramar
on quinta-feira, outubro 06, 2005
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Sob minha pele, as dores continuam presas.
São saudades dos amores passados
que embalaram meus sonhos com papel
de presente colorido.
São lembranças que resistem ao cotidiano
e, de repente surgem, buracos negros das
alegrias que ainda possuo.
Os rios de dores correm dentro de mim,
abrem o concreto de minha alma,
entumescendo vales que não mais os contêm.
Saltam pelos poros e
deságuam em meus olhos,
abundantemente.
Saramar
AI! SE SÊSSE!...
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Saramar
on quarta-feira, outubro 05, 2005
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Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cumigo insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
Zé da Luz
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cumigo insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
Zé da Luz
DESAMOR
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Saramar
on segunda-feira, outubro 03, 2005
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POEMA 15
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Saramar
on domingo, outubro 02, 2005
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Gosto de ti quando calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, e minha voz não te toca.
Parece que teus olhos houvessem saltado
e parece que um beijo fechara a tua boca.
Como todas as coisas estão cheias de minh'alma
emerges das coisas cheia de alma, a minha.
Borboleta de sonho, tu pareces com minh'alma,
como pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como a queixar-te, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e minha voz não te alcança:
permite que eu me cale com teu silêncio agudo.
Permite que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada e simples como um elo.
Tu és como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, afastado e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se estivesses morta.
Uma palavra, então, um sorriso são o bastante.
E fico alegre, alegre porque a verdade é outra.
Pablo Neruda
NOITE
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Saramar
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