FALTA MINHA, DE TI


Eu sei, devia ter avisado
contado da ausência de mim.
Bem podia ter escrito que
mais nada sei dizer do nosso amor.
Se tivesse previsto
pintaria murais mexicanos
ou espanhóis
dizendo do que pisou em minhas flores
e misturou as cores com a terra
o final de tudo, afinal.
Eu devia ter dito que iria faltar
ao encontro com minha dor.
O poeta bem avisou que
a dor também se cansa de tanto doer
porque ofício mais triste não há
este de ferir constantemente
alguém que só sabe amar.

Se voz ainda me restasse,
teria contado que parti.

Mas para quem diria
se não há mais alguém para ouvir?
Saramar

SEM TI


Árida agora, já morro
com a secura dos corações
que se arranham em muros,
destroçando flores enquanto sangro.
Tua ausência, meu cárcere,
negro mar, onde os sonhos morrem,
ondas a se desfazer nas rochas.
Tua ausência, as escarpas
onde rasgo as mãos.

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Agora, rota a alma,
é tarde, é muito tarde.
Saramar