LILITH


não me leve por caminhos sem pecados,
por pegadas de anjo.
não me perca por ser tanto,
por ser farto.

diante das minhas tormentas
eu o prefiro em desabrigo.
meu mar é pélago,
minha alma, seu reflexo.

abismos e céus nos aguardam.
onde finalmente
esqueceremos qualquer horizonte.

eu lhe dou meu corpo,
o sal da lágrima mais antiga,
o beijo mais doce, o mel.
de tudo provará, destemido.

Não se iluda, porém.
mesmo tanto, mesmo farto,
nunca será meu rei.

diante das minhas oferendas,
eu o prefiro perdido.
Saramar

Imagem: Gabriel Rossetti

5 comentários:

Moita disse...

É! ser o rei de alguém é uma coisa dificil. Impossível.

Eu, por exemplo, prefiro ser súdito.

mil cheiros

Olga disse...

Ninguém será meu rei!Eu mando no meu reino. Adorei ler este poema.

Bjs.

Anônimo disse...

Minha amiga Saramar e denunciar..eu pensando em deletar arquivos escrevi deletar em vez de denunciar..rs..se nao fosse vc ia continuar o erro.

Mário Margaride disse...

Belo este poema Saramar!


"Não se iluda, porém.
mesmo tanto, mesmo farto,
nunca será meu rei."

Em teu reino, és Rainha
Só tu escolherás, teu Rei...

Lindo!

Beijinhos

La femme qui rit disse...

Não pare de escrever!!!