TODOS OS AMORES



Eu o amo como criança,
em deslumbramentos.
Sigo seus passos.

Borboleta, toco seus dedos
como em flores.
A força e a beleza o fazem totem.
Aos seus pés, vivo em adoração.

Pássaro desarmado, eu o amo
cantando em seus dias, arrulho,
colorindo de amor suas manhãs.

Eu o amo, primeira namorada,
buscando em seus refúgios
a doçura dos sonhos
e os prantos escondidos
e seus fragmentos.

Eu o amo para sempre
como amam todos os amantes.

Mãe, eu o amo nas noites
colho suas dores,
enterro-as em mim
para que não mais voltem.

Eu o amo tranquilamente.

Leda, eu o amo em delírios,
em transes de amor.
E o quero deus e suas asas
insensatas em meus seios,
a fazer perder minha alma.

Eu o amo com o abandono
das mulheres perdidas de amor.
Arrasto-o em meus mares
escuros e pesados.
Inundo seus sentidos.
Náufrago em minhas noites,
renasce todas as manhãs
de tanto amar.
Saramar

Imagem: Michelangelo

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