E AINDA FINJO, AMOR


E ainda finjo escrever, amor,
quando nem consigo dizer o
quanto te amo e me entrego.
nem consigo dizer das horas
de enlevo, quando me quedo
ao teu lado, contemplando
teus sinais, colhendo suspiros
que imagino de amor, deste
amor que toco com meus dedos
amedrontados, cristal que pode
se romper e entornar minha vida
entre riscos e falhas do chão
em que me recuso a pousar
pois, contigo sou pássaro,
borboleta e pétala solta
dançando sobre ti, perfumada
e leve para não perturbar a
calma que deixas onde ficas.
Eu te amo, meu amor, tanto mais
quando, sozinha, percebo a parte
que me falta, arrancada quando
vais e levas em ti, o cheiro, a saliva,
as palavras, minhas palavras
desse amor infantil, meio sonho
que sinto por ti.
Saramar

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