À NOITE


Em ruas noturnas
Becos me atraem,
Anoitece e rio com os bêbados
Ao meu lado, passeiam solidões.
Não há estrelas e miro os bares.
Outros tristes desenham horas
Em copos ondulantes.
Embriago-me de suas dores e
Despejo palavras sobre a mesa,
Incômodo garçom.
Anoiteço nos becos.
Amores e algum pranto
De infelizes arranham paredes.
Cruzo os círculos de luz
Obesos dos postes.
Seios mortos-vivos
Cravados em desejos
Derramam seu leite na calçada
Nua, nua, como a tristeza.
A noite é inútil.
Não esconde as dores
Alvoreço.
Saramar

Imagem: Almor Loução

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