EIS-ME


Eis-me,
tendo-me despido de todos os meus mantos
tendo-me separado de adivinhos, mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes
O ausente
Nem o teu ombro me apoia
Nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas
Do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para lá do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes,
O ausente.

Sophia M. Breyner

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