INDIFERENÇAS



Deixei o amor e deixarei o verso.
Meus cantos obscuros não encontram
mais eco em rabiscos paupérrimos.
Há umas distâncias que não alcanço.
Em mim, intempéries sem palavras.
Queria algum canto, um violão, talvez.
Acordes entrando em mim.
Clarear meus cantos com alguma voz
amiga, acordes, acordes que me toquem.
Algo emudeceu em meu peito e há um
peso inesperado em minhas mãos que
impede o parto de pobres palavras.
O dia, a noite e o amor com suas emanações
enganosas deixam indiferentes meus cantos.
Queria outros cantos, um acorde, prontos
para clarear os meus cantos.
Saramar

Imagem: Marcio Melo

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