AQUELES QUE AMAM


Cantam comigo todos os amantes.
Porque amo, encontram-se em mim
e trocamos doces miudezas e as dores.
Falamos do caminho florido,
e das escadas a descer.
Sós e indefesos, tão iguais e sempre.
Os amantes tentam todos os ardis
e compram todas as flores da cidade
para fazer o seu amor sorrir.
Os amantes choram sob o lençol,
o mesmo, molhado de outras vertentes
que não olhos de ausência.
Os olhos, ah!

os olhos dos amantes são inúteis.
Cegue-nos e amaremos ainda e mais.
Os amantes sabem amar o nada, o ar
que o ser amado já aspirou ontem.
Os amantes sabem ver o amado que
não veio e talvez, nunca esteve em
nenhum lugar próximo.
Calem nossas vozes e amaremos mais.
Os amantes sem palavras são mais
eloquentes e criam suavidades
para encantar o seu amado.
Os amantes nada querem
e de nada precisam, a não ser
a certeza do existir do ser amado.
Só.
Saramar

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