AMOR, TRANQUILO AMOR


Pergunta-me o que quero de ti.
Sei o que não quero ou talvez
saiba de algum querer tranquilo,
ainda indistinto.
Não quero de ti teus caminhos
retos ou sinuosos.
Não quero teus arroubos de paixão
ou teus beijos roubados na noite.
Não quero as estrelas que trazias
disfarçadas em caixas de bonecas.
Não quero as bonecas
nem as caixas de músicas quebradas.
Não quero as flores com que
perfumavas meus dias e coloria
minhas longas noites solitárias.
O que quero de ti é apenas
esse estar em mim, como a vida está.
Quero apenas o sabor da tua
boca guardado na minha pele.
Quero teu silêncio que me acompanhava
nas tardes tranquilas sob o pé de manga
onde, juntos, ouvíamos passarinhos
e namorávamos beijas-flores.

Saramar

Imagem: Paulo Medeiros

0 comentários: