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Venho construindo pontes.
Com pedras e entulhos e
asas de borboletas para sempre imóveis.
Venho construindo pontes.
Um olhar de águia guia meus movimentos
e me leva por estreitos caminhos
invisíveis aos meus olhos cegos.
Venho constuindo pontes.
Piso em águas, escorrego em pedras
buscando fontes, bases, laços de amarrar.
Venho construindo pontes.
Hoje, uma ponte cai, levada pelas dores
Ontem, o tempo já havia tomado outra.
Amanhã, quantas permanecerão
suspensas nas asas das borboletas mortas?
Saramar

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